POEMA EM PROSA - SOLIDÃO

15-11-2013 14:03

Poema em prosa escrito pela aluna Letícia S. Brunelli

 

Ando no meio da turba que ri, que fala, que canta, mas ninguém me vê, ninguém me fala, ninguém me ouve. 
Ando por entre casas, que escondem mil paixões, mil tormentas, mas elas não oferecem abrigo às minhas tristezas.
Os homens são tumbas, são pedras, são muros. As tumbas não se abrem, as pedras não se aquecem, os muros separam.
Os olhos humanos permanecem fechados à minha passagem; os corações humanos permanecem gelados ao meu contato; a indiferença humana separa-me do mundo.
As casas são esquifes, lajes, celas. Os esquifes velam a morte, as lajes soterram pântanos, as celas tiram a liberdade.
A casa dos homens não os deixa ver a morte que ronda a minha alma. A casa dos homens encobre a maldade de seus corações. A casa dos homens prende, com seu conforto, as asas do bem que brota espontâneo.
É por isso que ninguém me vê, não me fala nem me ouve. Estão todos vendo a si próprios, falando a si próprios, ouvindo a si próprios.
Estão me abandonando na fria e melancólica noite da solidão.