Leitura ajuda a prevenir o Alzheimer

07-10-2012 16:09

Notícia do Jornal Científico "Archives of Neurology".

As pessoas que mantêm o cérebro ativo durante toda a vida com atividades cognitivamente estimulantes como leitura, escrita e jogos têm menores níveis de proteína beta amiloide, vinculada com o Mal de Alzheimer, indicou um estudo publicado na edição digital da revista "Archives of Neurology".

Estudos publicados no Brasil já deram conta da importância de estimular as atividades cognitivas para preservação da memória, mas o estudo em questão aponta que uma nova pesquisa identifica o fator biológico envolvido no aparecimento da doença, contribuindo para a criação de novas estratégias terapêuticas. Nas palavras do Dr. William Jagust, professor do Neuroscience Institut of California University, e um dos principais pesquisadores envolvidos nesse estudo: "Mais que simplesmente proporcionar resistência ao Mal de Alzheimer, as atividades de estímulo do cérebro podem afetar um processo patológico primário da doença". Isso significa que atividades cognitivas podem ser usadas como prevenção já nos processos iniciais da doença. Bela notícia!

A proteína beta-amilóide  forma placas senis no cérebro dos pacientes com Alzheimer ao concentrar-se e afetar a transmissão entre as células nervosas do cérebro. Estudos comprovam que manter um comportamento voltado às atividades cognitivas como leitura, escrita, jogos de inteligência como quebra-cabeças e palavras cruzadas influenciam na formação dessa protéina nociva ao cérebro e à memória. E essa ação terapêutica preventiva deve ocorrer durante toda a vida. Isto é, ser um leitor é uma atitude saudável,  pois, como o explica o Dr. Jagust, o tratamento cognitivo "pode ter um importante efeito 'modificador' da doença se forem aplicados os benefícios do tratamento com suficiente adiantamento, antes que apareçam os sintomas".

Os pesquisadores pediram a 65 adultos sãos, cognitivamente normais e maiores de 60 anos, que indicassem a frequência com a qual participaram de atividades mentais como ler livros e jornais e escrever cartas ou e-mails. As perguntas foram focadas em vários pontos da vida desde os 6 anos até a atualidade. Os participantes fizeram testes neuropsicológicos amplos para avaliar sua memória e outras funções cognitivas, além de terem se submetido a scanners cerebrais e a um exame desenvolvido no Laboratório de Berkeley a fim de visualizar as proteínas beta amiloides.

Os pesquisadores compararam os resultados dos indivíduos sãos com os de 10 pacientes diagnosticados com Alzheimer e os de 11 pessoas sãs de 20 anos, descobrindo uma associação significativa entre os níveis mais altos da atividade cognitiva durante toda a vida e níveis baixos da proteína.

Segundo explana Susan Landau, pesquisadora do Helen Wills Neuroscience Institut: "Esta é a primeira vez em que o nível de atividade cognitiva se relaciona com a acumulação de beta amiloide no cérebro. A acumulação dessas proteínas provavelmente começa muitos anos antes do aparecimento dos sintomas. O início da intervenção pode ser muito antes, e é por isso que estamos tentando identificar se os fatores de estilo de vida podem estar relacionados com as primeiras mudanças".

O artigo original, em inglês, pode ser acessado no linque: Archives of Neurology