Exercício das listas
NU ESPELHO
Esse exercício de escrever sobre minha vida, principalmente depois de refletir sobre os acontecimentos mais importantes, está sendo muito intenso e profundo, é um momento para eu refletir, agradecer e recordar com saudade.
A religião e Deus sempre fizeram parte da minha vida. Para mim, Deus e a religião estão separados. Deus sempre fez e faz parte da minha vida, Ele dá o sentido para tudo o que existe , que acontece, me fortalece, conforta, me dá a Paz que necessito em todos os momentos, Ele me entende, me aceita e me ama, me guia, está em mim e comigo na alegria e no sofrimento.
Mas, a religião criada pelos homens, muitas vezes me fez questionar se Deus exigia ou exige certas normas e regras, que Deus Pai castigava e castiga.
Quando eu era criança morria de medo de ir para o inferno.
Nunca ouvia sobre o Amor e a Misericórdia de Deus por todos os seus Filhos.
Depois que consegui entender que a vida é criada por ELE para a nossa felicidade, baseada no livre arbítrio, tudo ficou mais leve, com sentido para tudo, para as alegrias e para o sofrimento e com o entendimento, a aceitação.
Nunca ninguém me disse quando criança, que era importante ler, eu descobri sozinha que era gostoso, muito bom e se tornou até hoje um dos motivos de minha felicidade.
Quando cursei o antigo ginásio na Escola Batista Leme e tive professoras excepcionais, D.Ivanira e no colegial D.Rosalina, tive a confirmação desse valor em minha vida. Além de ler, também descobri a escrita, que gostava de escrever; fui valorizada e tirava boas notas nas redações.
E junto veio o amor ao cinema, aos filmes na televisão e no cinema da cidade. Com o tempo consegui comprar um TV para mim, um vídeo cassete para assistier aos filmes que gravava nas fitas. Mais recentemente surgiu o aparelho de DVD e hoje tenho alguns CDs com meus filmes prediletos.
A música sempre foi um motivo de alegria e felicidade e relembrando o que mais marcou até hoje , na minha infância e adolescência, foram as músicas de Roberto Carlos que eu ouvia no rádio e sabia as letras de cor. Mas hoje está meio mudado e não sei mais a letra de nenhuma música atual, só aquelas que devem estar gravadas, não só em meu cérebro, mas em meu coração. Mas ainda hoje a música faz bem a minha saude e torna a minha vida muito mais linda.
Uma fase de minha vida, de uma felicidade única, foi a minha profissão como professora de crianças de 1.a 4. série.
Desse tempo destaco dois presentes: um especial, quando ingressei no Estado como Professor I concursada em agosto de 1981, na periferia de São Paulo, no Bairro de Santo Amaro, Guacury, para crianças de uma escola na favela. Na época, porque hoje está bem diferente.
Era uma classe de 3.série com 32 alunos de 9, 12, 13 até 15 anos, alunos inteligentes, educados, doces, respeitosos, até tímidos, esforçados, que valorizavam um lápis de cor, uma borracha que eu dava, pois muitos não tinham como comprar. Fui muito feliz nessa escola, vivendo e aprendendo com essas crianças, queridas até hoje.
Outra classe que me marcou foi a Escola Rotary, na Rodovia Washington Luís, perto de Limeira com alunos da Zona Rural em 1987.
Eram duas classes em uma sala, para uma professora, com duas lousas; uma para a primeira série e outra para a segunda série.
As crianças eram especiais para qualquer professor, com valores, maneiras, famílias, uma vida totalmente diferente das crianças da cidade.
Para mim foi uma vivência e um aprendizado riquíssimos, maravilhosos, me trouxeram pessoas carinhosas, simples, verdadeiras, com um coração puro, pleno de amor e respeito pelos professores, que nunca mais senti igual.
As crianças da favela e as da zona rural nunca apresentaram nenhum problema de disciplina, nem desrespeito, nem briguinhas, nada, nada .
Só simplicidade, pureza de sentimentos, fraternidade, gratidão, amor e valorização por cada gesto ou palavra que eu dedicava a eles.
Não me esqueço dessas crianças que são jovens e adultos hoje, que me fizeram sentir tanto carinho, alegria. Acho que era um encantamento, como se eu estivesse vivendo em outro mundo pela beleza que me transmitiam. Não consigo imaginar a minha vida sem ter essas pessoas fazendo parte da minha história , de um momento muito, muito especial e lindo !
Me aposentei em 2006 e depois não fiz nada de excepcional, só vivi o dia a dia com saúde e liberdade e em agosto de 2010, resolvi participar da Faculdade da Terceira Idade Claretianas. Senti a força interior, a alegria de viver e a riqueza de experienciasde vida de pessoas maravilhosas.
Hoje estou muito feliz participando da Oficina de Literatura onde participamos de leituras, interpretação e escrita de textos e poesias que são um encantamento para minha vida.
Acho que sempre procuro a simplicidade, porque é verdadeiro, é o que me chama a atenção e me faz bem.
Para mim, a perfeição, a beleza da vida está na simplicidade.